segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Fuvest 2010 geografia comentada

As questões de geografia da segunda fase da FUVEST 2010 na forma dissertativa foram bem simples e de fácil compreensão e assimilação abordando sem maiores problemas o período de industrialização brasileira, a ocupação e preservação da Amazônia, além da atual situação de Honduras.

Migração nordestina

Uma das questões abordou a situação do nordestino na Amazônia em meados do século XIX. Fazendo referências a um trecho da obra Á margem da história, de Euclides da Cunha. O vestibulando deveria descrever os fatores que levaram a migração da população para a Amazônia, além de citar quais as condições de vida dos seringueiros. É importante nesse momento que o estudante não se confunda com as datas e relembre da história da ocupação, pois praticamente a Amazônia teve dois períodos, sendo em meados do século XIX a ocupação caracterizada pela fuga do nordestino que saia de sua condição de miséria para alcançar novas perspectivas com a extração da borracha no norte do país, além disso fugiam da situação a que eram submetidos no nordeste, oprimidos pelos barões locais e pela seca na região. O fato do Brasil não possuir uma integração regional impedia o completo conhecimento de todo o território sendo assim as poucas possibilidades apontavam para a região norte do país. Já as condições de vida do seringueiro da Amazônia sobrevivendo através da extração do látex para a produção da borracha eram precárias. Embora recebessem salários, ficavam na condição sempre de devedores para os donos das terras, pois não havia comércios locais que cumprissem com as necessidades dos trabalhadores que acabavam por desembolsar quantias totais maiores do que as que recebiam pelo trabalho para adquirir produtos básicos junto aos proprietários, condição essa que gerava uma situação de escravidão com dívidas permanentes.

Aumento e declínio populacional em São Paulo

Outra questão abordava o crescimento populacional entre 1940 e 1970 na cidade de São Paulo e depois o declínio já em 1980. Aqui é importante lembrar qual a condição da cidade nessa época que proporcionou esse crescimento além da condição histórica do país. Com o declínio do extrativismo do látex na região norte e a pouca assimilação do trabalhador nordestino ao clima da Amazônia, juntando-se a esse fato a entrada do café em território paulista e a forte industrialização posterior, rapidamente a migração passou a ser redirecionada para os estados do sul e sudeste, principalmente para São Paulo, onde também houve forte demanda por mão de obra para a construção da cidade aumentando assim o contingente populacional. Mais tarde, em 1980, o café entrava em declínio e a indústria se estabilizaria assim como a cidade que já não demandaria pessoal. Outros fatos que precisam ser lembrados referem-se às indústrias que entravam na era da tecnologia empregando cada vez menos mão de obra, a crise econômica da década, a baixa taxa de natalidade ocasionada pela entrada da mulher no mercado de trabalho e maior acesso aos medicamentos anticoncepcionais, além do fato do governo investir em setores da economia ligados a outras regiões como o centro-oeste.

República das Bananas e a crise de Honduras

Duas questões levantadas pela FUVEST abordam a expressão República das Bananas e as ditaduras impostas na América Latina na Guerra Fria. Com relação à expressão o significado tem sua origem no fato de que as repúblicas da América Central eram exportadoras de produtos de origem agrícola para os países europeus dominadores. Já a crise em Honduras decorre de um golpe similar a outros ocorridos no continente como a ditadura brasileira, todas ocorridas em uma era onde o mundo estava sob a sombra dos Estados Unidos e União Soviética. As características do golpe militar foram sempre de autoritarismo como a repressão das ideias liberais e contrárias ao governo estabelecido, toques de recolher para a população, opressão, cassação e expulsão dos políticos e partidos opostos, além da deposição do presidente. No período atual, o presidente de Honduras Manuel Zelaya segue deposto e Roberto Michelleti governa o país.

Desenvolvimento na Amazônia Legal

A última questão de geografia exigiu dos vestibulandos a capacidade de analisarem pelo menos duas diferenças entre dois trechos de textos com relação à preservação da Amazônia. O primeiro texto expressava a idéia de que as unidades de conservação mais as reservas indígenas seriam suficientes para a preservação de pelo menos 37% da Amazônia Legal, já o segundo texto expressava a idéia de que o desenvolvimento praticado não vem satisfazendo e que os habitantes locais deveriam ser os condutores da sustentabilidade e receberiam sustentos financeiros por isso. Ambos os textos representam ideias de jornalistas e contrapõem-se quando um texto enxerga as intervenções humanas sendo viável como a demarcação de reservas enquanto o outro diz que somente os habitantes devem conduzir a atual situação. Outra diferença seria com relação às políticas atuais adotadas para a Amazônia, um texto vê a sobrevivência com os 37% preservados enquanto o outro diz haver distância de um modelo aceitável com as formas que se vêm praticando.

Questão duvidosa passível de duas interpretações

Outra questão ainda aborda se somente a preservação da Amazônia é necessária para se garantir a manutenção da biodiversidade no Brasil. Essa questão causou um pouco de dúvida, pois embora a resposta mais aceitável seja que não, não é suficiente, pois há outros domínios como da Mata Atlântica, do Cerrado, dos Campos, Caatinga, Pantanal, Mangues, Mata de Cocais e de Araucárias, precisamos lembrar que a Floresta Amazônica é a maior biodiversidade do planeta, então somente sua conservação garantiria a biodiversidade do país. Biodiversidade é uma expressão empregada para locais onde há um domínio de natureza com interações entre o clima e o relevo e toda a fauna e flora encontradas ali, lembrando que há países que nem florestas possuem e se essa pergunta fosse empregada lá, por exemplo, com certeza diriam que sim, a única biodiversidade aqui é suficiente. Fique de olho, em provas dissertativas não pode haver dúvidas na resposta.

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