quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Areia betuminosa e o petróleo canadense

O processamento da areia betuminosa na cidade de Athabasca no Canadá dá fama ao país de um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Diferentemente de seus concorrentes, o petróleo canadense não é bombeado das profundidades, e sim, processado, obtido do betume nas areias negras da superfície encontradas em Athabasca, Cold Lake e Peace Reaver. A origem do petróleo está nas mais profundas camadas do interior da terra apresentando viscosidade devido às altas temperaturas. Já as areias betuminosas sofreram processo inverso, onde a milhões de anos atrás, assim como o levantamento das Montanhas Rochosas e em decorrência desse processo, o petróleo foi empurrado para cima e ao alcançar superfície razoável, misturou-se com as areias locais e sedimentos proliferando bactérias e dando origem ao betume.
O processamento do betume que resulta em petróleo consiste na retirada de cerca de 30 metros de profundidade de areias e terras nas áreas de ocorrência. O material colhido é transportado até as usinas onde vai ocorrer o processo de sepação das areias, argilas, vegetação, sedimentos para se obter o betume. Caminhões especias trabalham na retirada dos materias.

A extração de areia betuminosa é um processo economicamente viável ao Canadá, uma vez que o país é um dos maiores produtores e os Estados Unidos são os maiores compradores do petróleo canadense, mas a discussão em cima do processo diz respeito as consequências ambientais geradas e que são vistas do começo ao fim de toda a produção.


  • Para começar as areias betuminosas se encontram nas regiões de planície do Canadá em região de vegetação onde após a retirada das areias o que sobra é uma dura imagem e alteração da paisagem local.

  • Em um segundo momento, os locais de depósitos das areais estão em contato direto com os rios e lagos locais, o que exige todo um cuidado em função do risco de poluir toda uma bacia hidrográfica pelos resíduos gerados, inclui-se aí as águas superficiais e as águas subterrâneas, essas mais difíceis de despoluir pelo fato de não estarem na superfície.

  • Em um terceiro momento, o processo de cozimento utilizado para separar os elementos do betume lança na atmosfera altas concentrações de dióxido de carbono, poeira preta altamente poluente.

Há ainda que citar que o processo de separação utiliza milhões de metros cúbicos de água própria de consumo e as usinas processadoras do material funcionam com a utilização do gás natural. Diante dessas observações, a questão que levanto diz respeito ao mau uso da água e do gás natural utilizados para a obtenção de energias poluidoras como é o caso das originadas a partir de combustíveis fósseis, petróleo, carvão mineral, areia betuminosa, o que se põe a pensar como um mundo onde se prega cada vez mais a mútua cooperação para a redução de emissões de poluentes pode permitir a utilização de energias limpas e menos poluidoras para a produção de uma energia tão poluidora como é o caso do processamento das areais betuminosas canadenses?


Vegetação natural cobrindo as areias. Imagem Energy Tomorrow 12-08-09



Caminhões equivalentes a prédios de três andares e custando quatro milhões de dólares trabalham na retirada dos materiais. Imagem Energy Tomorrow 06-08-2009


Paisagem final após a retirada do betume, completamente alterada e oferecendo riscos de contaminação. Imagem Energy Tomorrow 06-08-09

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